Economia da atenção

Economia da atenção: imagem de pessoa usando o notebook com imagens na tela. Reprodução/Canva.

Antes de falarmos sobre a economia da atenção, vamos falar um pouco sobre como isso surgiu. O termo “economia da atenção” foi cunhado pelo psicólogo, economista e Prêmio Nobel Herbert A. Simon. Ele postulou que a atenção era o “gargalo do pensamento humano”. Ela limita tanto o que podemos perceber em ambientes estimulantes quanto o que podemos fazer.

De acordo com a Universidade de Berkeley, ele também observou que “uma riqueza de informações cria uma pobreza de atenção”. Sugere, desse modo, que a multitarefa é um mito. Para ele, só executamos uma só atividade de por vez. A nossa atenção não conseguiria dar conta, pelo menos não de forma completa, de tantas atividades ao mesmo tempo.

O que seríamos, na verdade, é multifunção, algo diferente de multitarefa. O multitarefa faz diversas atividades ao mesmo tempo, enquanto o multifunção consegue executar atividades diversas em momentos diferentes.

Mais tarde, em 1997, o físico teórico Micheal Goldhaber alertou que a economia internacional está mudando de uma economia baseada em materiais para uma economia baseada em atenção, apontando para os muitos serviços online oferecidos gratuitamente. 

Como acontece a economia da atenção?

À medida que menos pessoas estão envolvidas com a fabricação e nos afastamos de uma economia industrial, as carreiras emergentes trabalham com a informação. Embora a “economia da informação” seja um nome comum para esse novo estado, Goldhaber rejeita isso; a informação não é escassa, a atenção sim.

Nossa atenção sempre foi limitada, valiosa e escassa. Mas o que distingue os dias atuais é que os avanços tecnológicos disponibilizaram uma quantidade avassaladora de informações, estrategicamente voltadas para capturar nossa atenção. Quanto ao público em geral, nunca foi tão fácil atrair níveis tão pessoais de atenção por meios como as mídias sociais.

A atenção na internet e nas mídias sociais

Quando acessamos a internet, normalmente temos um objetivo em mente, como encontrar uma resposta para uma pergunta ou realizar uma pesquisa. Assim que obtivermos o que queremos, saímos do local. 

No entanto, a mídia social nos mantém na plataforma por mais tempo e querendo mais. Uma vez que vemos uma plataforma ou usuário que gostamos, nós os “inscrevemos” no YouTube, “nos tornamos amigos” deles no Facebook ou os “seguimos” no Instagram ou Twitter. 

Depois disso, qualquer coisa que eles postarem aparecerá em nossos feeds. Qualquer um pode criar uma conta e ter a oportunidade de sua presença ser vista por milhões, mas isso também aumenta a pressão para capturar mais recursos cada vez mais escassos de atenção. 

Como nossa presença na mídia social online é definida por números – número de “amigos”, “seguidores” versus “seguidores”, “curtidas” e “assinantes” – a comparação é fácil. Além disso, as “páginas de exploração” dos sites de mídia social nos lançam informações infinitas, esperando que uma foto, hashtag ou vídeo nos interesse. Podemos rolar infinitamente nas mídias sociais e, ao terminar um vídeo, sempre teremos um novo para reprodução automática. No entanto, quando focamos nossa atenção colada em nossos telefones, abdicamos de outras oportunidades.

Outro ponto de reflexão é que, em uma sociedade que exige cada vez mais atenção (e disputa ela com tantos estímulos), fica cada vez mais difícil descansar. Sobre esse assunto, Byung Chul-Han escreveu o livro “A Sociedade do Cansaço” que conversa com as ideias de excesso que também são faladas no tópico de economia da atenção (resenha do livro).

*Com informações da Universidade de Berkeley, tradução livre em português.

Profissional de Digital Business e Business Intelligence, com foco em Consumer Insights, Trends e Cultural Research. Pesquisa e trabalha criando estratégias baseadas em dados online e offline. Criadora do Dataísmo. Formada em Marketing e pós-graduanda em Digital Business na USP.

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