Tiktokzação das redes sociais ou “efeito Tik Tok”

Tiktokzação. Celular na mão de uma pessoa. Tela mostra o aplicativo Tik Tok

? Essa semana vi muito sobre o “efeito Tik Tok” ou TikTokzação das redes sociais”. E no contexto de que o Tik Tok e o Instagram estão entre os aplicativos mais baixados em junho de 2021. Mas será que estamos entendendo direito o que é o efeito Tik Tok na audiência e como usá-lo? Hoje vou falar sobre o que é essa “internet das dancinhas” (SIC), o seu uso e o suposto apocalipse das redes.

O uso do Tik Tok

O TikTok, rede social de vídeos (inicialmente curtos e, agora, também longos) criou um novo modo de consumir conteúdos audiovisuais, que gera tendências de consumo e divulga hits musicais.

E não é apenas o TikTok: o Instagram, com os Reels, permite criação e edição de vídeos rápidos, e o Youtube lançou a publicação de vídeos curtos.

Com base no formato rápido, nos desafios, nas coreografias e no engajamento gerado, usa-se o termo de tiktokzação, que veio do Tiktok, mas também a tiktokzação das redes sociais. Em geral, é uma expressão pejorativa, que indica falta de conteúdo, esvaziamento, “coisa de jovem sem nada na cabeça”. Porém, será que o TikTok é apenas isto e irá matar as outras formas de comunicar?

TikTokzação e o suposto fim das redes

Tenho dois pontos sobre isso. 1. A internet não é só dancinha. E 2. O viés apocalíptico.

◾️ Primeiro. A internet não é só dancinha nessa “tiktokzação”. E nem o TikTok. O que falta é estratégia para uns e, para outros, senso de diversão. A estratégia só funciona quando está de acordo com a voz da marca. Do contrário, fica sim, vazio, descolado do propósito e ruim. E há o senso de diversão. A rede é feita por maioria jovem, que lança sim, muitas tendências. Há escolhas de aplicá-las ou não. Pode ser que o desafio não seja o objetivo. E que pessoalmente, não tenha o seu cantor favorito, e você prefere a coreografia dos BSB aos passos da Doja Cat. Ambas as coreografias e vídeos coexistirão.

◾️ Segundo. A discussão sobre Tiktokzação sobre isso me lembra as teorias da comunicação e os seus filósofos, que estudei na faculdade. Eles eram chamados de apocalípticos. Eles pregavam que um meio canibalizaria outro, mataria-os e tornaria as pessoas mais burras. Não é à toa que eram chamados de “apocalípticos”.

Quando a TV foi lançada, achavam que o rádio ia morrer. Quando o cinema foi criado, acreditaram que o jornal faleceria. Mas o jornal, a tv, o cinema, convivem e muitos canais se adaptaram ao digital. Não morreram.

Refletindo sobre a “tiktokzação”

Será que estamos repetindo esse mesmo pensamento no TikTok, de achar que uma rede matará todas as outras? Será que não há uma crença generalizada de que o TikTok ela não irá deixar espaço para outras mídias emergirem? A verdade é que na história, nem todas as mídias novas e formatos novos mataram os outros. Continuam existindo outras formas de consumo de conteúdo. Até hoje.

E, quem sabe, muitos, exagerando na dose de que o TikTok é vazio e não “serve” para diversos segmentos (todos?) como o marketing, conteúdo, informação? Afinal, mesmo que os vídeos curtos e as coreografias não sejam parte da estratégia de uma marca, de gostos pessoais e hobbies particulares, o TikTok tem diferentes espaços. Generalizar é esquecer que a rede tem  comunidades específicas, como o BookTok (de livros), movimentos contra consumo (desinfluencer) e o oposto do anterior, o movimento de recomendar produtos #TikTokMadeMeBuyIt (O TikTok me fez comprar).

Os vídeos do TikTok são rápidos. Mas o slow content continua disponível. O Youtube, por exemplo, não matou as séries (e o Youtube pode falar de fofocas de celebridades ou oferecer cursos gratuitos em playlists incríveis). Os shorts existem, mas os vídeos longos da outra rede social não acabaram de ser publicados – e nem sua funcionalidade deixou de existir.

Então, nesse mar de escolhas, será mesmo que o TikTok, vai “matar” alguma coisa?

Esse texto é apenas uma reflexão sobre a origem da expressão pejorativa e também de expressões como “vai matar” ou “acabou”, criada para promover um debate em uma rede social, sem intenção de escolher uma rede em detrimento da outra.

Profissional de Digital Business e Business Intelligence, com foco em Consumer Insights, Trends e Cultural Research. Pesquisa e trabalha criando estratégias baseadas em dados online e offline. Criadora do Dataísmo. Formada em Marketing e pós-graduanda em Digital Business na USP.

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