TIC Saúde 2023: dados de saúde no Brasil e uso da tecnologia

Tic Saúde 2023 mostra a evolução da saúde no Brasil, desafios da digitalização e uso da inteligência artificial. Abaixo, sobre a evolução da saúde no Brasil.

Estudo mostra a digitalização no setor de saúde brasileiro. História e os avanços da pesquisa TIC Saúde, que desde 2013 investiga a adoção de tecnologias de informação e comunicação nos estabelecimentos de saúde no Brasil. Dados sobre telemedicina, prontuários eletrônicos, IA e os desafios enfrentados na digitalização do setor.

TIC Saúde 2023

A pesquisa TIC Saúde é um estudo anual realizado desde 2013 pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br). 

O objetivo é investigar a infraestrutura e a disponibilidade de aplicações baseadas em Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) nos estabelecimentos de saúde no Brasil. Além disso, a pesquisa analisa como médicos e enfermeiros utilizam essas ferramentas em seu trabalho e as principais barreiras para sua adoção.

Origem e objetivos

A pesquisa TIC Saúde surgiu da necessidade de compreender como as TIC estão integradas no sistema de saúde brasileiro. Inspirada por estudos internacionais da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a pesquisa visa fornecer dados precisos para formular políticas públicas e estratégias de melhoria na área da saúde.

A TIC Saúde busca analisar o estágio de adoção das TIC nos estabelecimentos de saúde, desenvolvendo indicadores relacionados a estabelecimentos e profissionais de saúde. As áreas de investigação incluem:

• Infraestrutura de TIC e gestão de TI nos estabelecimentos de saúde;
• Registro eletrônico em saúde e troca de informações;
• Serviços oferecidos ao paciente e Telessaúde;
• Perfil dos profissionais de saúde;
• Acesso e uso de TIC por médicos e enfermeiros;
• Apropriação das tecnologias.

A pesquisa contou com o apoio do Ministério da Saúde, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), de outros representantes do governo, da sociedade civil e de especialistas de importantes universidades no país. Esse apoio garante a abrangência e a qualidade dos dados coletados.

Metodologia

A pesquisa TIC Saúde adota um desenho amostral baseado no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). A amostragem é estratificada e considera a probabilidade proporcional ao tamanho (PPT) dos estabelecimentos de saúde. Os estratos são desenhados para garantir a qualidade dos resultados divulgados para os diferentes domínios de interesse.

Resultados de 2023

Os dados mais recentes da pesquisa TIC Saúde, divulgados em 2023, mostram um aumento significativo na oferta de serviços de saúde online no Brasil. Entre 2022 e 2023, o agendamento de consultas online cresceu de 13% para 34%, a marcação de exames aumentou de 11% para 19% e a visualização de prontuários eletrônicos subiu de 8% para 18%.

Segundo Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br, essa expansão está relacionada à crescente informatização dos estabelecimentos de saúde, impulsionada pela pandemia da covid-19. “Ao longo dos 10 anos do estudo, acompanhamos uma maior informatização dos estabelecimentos de saúde, relacionada, sobretudo, à infraestrutura e a sistemas eletrônicos”, disse em comunicado.

Telemedicina e telessaúde

A telemedicina também registrou crescimento significativo. O percentual de estabelecimentos públicos que ofereceram orientação à distância aumentou de 24% para 31%, enquanto a teleconsulta subiu de 15% para 21% entre 2022 e 2023. Esse crescimento reflete a importância crescente dessas ferramentas para ampliar o acesso à saúde no país.

Sistemas eletrônicos de informação

Os sistemas eletrônicos para registro de informações dos pacientes também apresentaram um aumento notável. Em 2016, 74% dos estabelecimentos de saúde utilizavam esses sistemas, número que subiu para 87% em 2023. Nas unidades públicas, o índice passou de 56% para 85% no mesmo período.

O estudo também revelou disparidades regionais na adoção de sistemas eletrônicos. As regiões Norte (79%) e Nordeste (83%) apresentam as menores proporções de instituições com sistemas de registro eletrônico, enquanto a região Sul lidera com 93%. Estados como Amapá (66%), Maranhão (71%) e Acre (72%) têm os menores índices de adoção.

Inteligência Artificial

A edição de 2023 da pesquisa trouxe, pela primeira vez, dados detalhados sobre a aplicação de Inteligência Artificial (IA) no setor de saúde. Cerca de 3.200 estabelecimentos de saúde utilizaram IA no último ano, com a maioria desses estabelecimentos pertencendo à rede privada.

As ferramentas de IA mais utilizadas incluem a automatização de processos de fluxos de trabalho (46%), reconhecimento de fala (33%) e mineração de texto e análise de linguagem escrita ou falada (32%). O reconhecimento e processamento de imagens e o aprendizado de máquina para predição e análise de dados foram utilizados por 21% e 16%, respectivamente.

Desafios na adoção de tecnologias

A pesquisa também identificou desafios para a adoção de tecnologias na saúde. A falta de acesso à internet em algumas regiões e a necessidade de treinamento dos profissionais são barreiras significativas. Além disso, alguns gestores não consideram a tecnologia uma prioridade ou enfrentam incompatibilidade com equipamentos e software existentes.

Impacto e futuro

A pesquisa TIC Saúde tem desempenhado um papel crucial na compreensão e no desenvolvimento da saúde digital no Brasil. Seus dados orientam políticas públicas e estratégias de implementação de TIC no setor de saúde, contribuindo para a melhoria dos serviços e do atendimento ao paciente.

A pesquisa TIC Saúde revela avanços na digitalização do setor de saúde no Brasil, mas também destaca desafios importantes. A continuidade do estudo é essencial para monitorar e promover a adoção de novas tecnologias que possam melhorar a eficiência e a qualidade dos serviços de saúde.

Em outras palavras

A pesquisa TIC Saúde, conduzida pelo Cetic.br desde 2013, investiga a adoção de tecnologias de informação e comunicação nos estabelecimentos de saúde brasileiros. Os dados mais recentes mostram um crescimento expressivo na oferta de serviços online, como telemedicina e prontuários eletrônicos, mas também revelam desafios como a falta de acesso à internet e a necessidade de treinamento dos profissionais. A pesquisa segue referências internacionais e conta com o apoio de diversos órgãos governamentais e acadêmicos.