Zero álcool: cai consumo de álcool, especialmente entre jovens
Conteúdo publicado originalmente na newsletter do dataismo em 29 de agosto de 2023. Para assinar, acesse o Substack.
Apesar de termos visto o aumento do álcool na pandemia, o consumo tem caído nos últimos trimestres. E não é apenas sobre cervejas: tem vinho e até cachaça. Essa news é dedicada a destrinchar o assunto.
No & low alcohol
“No and low alcohol” é uma expressão de língua inglesa com a qual o mundo do vinho e destilados em geral terá que lidar em um futuro não muito distante.
Atualmente, 50% da população adulta do mundo não consome bebidas alcoólicas.
Sejam motivos religiosos, de saúde ou mesmo de gosto, o resultado não muda: há todo um alvo a conquistar. (Affar italiani, site sobre o mercado da Itália. Tradução livre do italiano.)
Não é pouco, mas quem faz esse mercado?
Enquanto os mais velhos bebem mais, os brasileiros mais novos preferem sair durante o dia e bebem menos que os seus pais.
Os jovens bebem menos, e a quantidade de doses caiu nos últimos meses:
Fiz os gráficos usando os dados do Relatório Covitel 2022.
Contraponto. Um dado que acho importante trazer é que, apesar de ficar sem álcool ser ‘cool’ (legal/antenado) para 50%, os outros 50% brasileiros que bebem consomem acima das doses saudáveis recomendadas pelo Ministério da Saúde (Relatório completo do Ministério da Saúde 2021).
Cerveja e Brasil
O Brasil é o terceiro maior produtor de cervejas do mundo, atrás da China e Estados Unidos.
Nosso país adotou de vez a versão sem álcool nos últimos dez anos.
Em 2022, cerveja zero superou a marca de 390 milhões de litros, um crescimento de 37% em comparação do mesmo período de 2021 (284 milhões/litro). A produção deve chegar a (quase) 500 milhões de litros em 2023.
(Fonte: Euromonitor International & Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja – SINDICERV).
Mais saúde, sem abrir mão do sabor
“No mundo, o segmento [de cervejas sem álcool] movimenta 10 bilhões de dólares, com expectativa de crescer mais um terço nos próximos anos, segundo dados da Worldwide Beer Alliance (WBA). Esse desempenho está relacionado a crescente busca do consumidor por um estilo de vida mais leve, saborosa e equilibrada, os investimentos do setor em inovação e oferta de novos produtos” (Marcio Maciel, Presidente Executivo do Sindicato de Bebidas (SINDICERV)).
No cardápio: beber na academia
Três exemplos de lançamentos que conversam com o público que não curte álcool.
A marca brasileira Doktor Brau deixa a bebida nas geladeiras na academia. No seu Instagram, diz: “Contém alto teor de consumo consciente”. Ela foi criada por um médico.
Corona Sunbrew. A primeira cerveja do mundo 0,0% álcool rica em vitamina D.
Heineken 0.0: marca já está presente nos bares e supermercados. Também anunciou que vai investir R$ 80 milhões para ampliar a produção em SP em 2023 (na CNN).
Cachaça sem álcool
Tecnicamente, ela não se chama de cachaça (pois para ser cachaça tradicional ela precisa ter álcool). Mas ela existe sim.
A versão Fogo Santo da Ypióca, por exemplo, existe desde 2016.
Mais que meme: ‘Pitú Zero’ rende até hoje
A tradicional Pitú já usou o Dia da Mentira 2013 para brincar nas redes. Até hoje, alguém acredita na pegadinha.
A verdade é que não existe Pitú sem álcool (e, provavelmente, nunca existirá). Mas, por alguns momentos daquele ano, a comunidade pituzeira passou mal. Pitú é uma das bebidas de maior teor alcóolico e os pituzeiros amam isso.
A brincadeira aconteceu com o humorista Ítalo Sena, grande fã de Pitú. Um de seus motes é “Onde tem resenha, tem Pitú”.
A reação da comunidade pituzeira pode ser traduzida nessa imagem:
Fora do BR: Europa com menos álcool
O consumo de bebidas alcóolicas na Europa tem caído.
Surge o desafio em suprir aqueles que não bebem álcool, especialmente entre os jovens na região (20 aos 30 anos). É a geração que o vinho tradicional tem dificuldade em atrair.
Conteúdo publicado originalmente na newsletter do dataismo em 29 de agosto de 2023. Para assinar, acesse o Substack.