Consumer Insights

O que é user centric innovation (UCI)?

UCI: o que é user centric innovation?

User Centric Innovation: UCI. O que é e como se desenvolve? Outra palavra em inglês? Na verdade a abordagem de centrar no consumidor é mais antiga e remete aos anos 1970, mas tomou novo fôlego a partir da digitalização do consumidor. Para entender mais sobre o assunto, fui buscar alguns artigos sobre o assunto e encontrei um que pode ajudar a entender.

No artigo “User Centric: Uma Análise Crítica da Inovação Voltada para o Consumidor”, dos autores Jordan Robert Gamble, Michael Brennan e Rodney McAdam, destacam que o conceito de inovação centrada no consumidor tem ganhado destaque na literatura e na prática empresarial.

A inovação centrada no consumidor é uma estratégia importante para as empresas na busca por novas ideias e oportunidades de negócios. Ela envolve a coleta de contribuições dos consumidores e seu envolvimento ativo no processo de inovação (seja lançando novos produtos, serviços, ou criando novos processos).

A compreensão dos desafios e oportunidades associados à UCI é essencial para as empresas que desejam implementá-la com sucesso.

Em busca de uma visão contemporânea, crítica e sistemática da inovação centrada no usuário (UCI) sob a perspectiva do consumidor, a pesquisa visa identificar e categorizar lacunas na pesquisa e/ou conhecimento, classificar empiricamente estudos de UCI contextualmente, analisar criticamente a literatura em termos de coalizão/fragmentação e derivar implicações práticas para a implementação na indústria.

Abaixo, separei os principais tópicos encontrados no artigo e alguns insights para expandir a conversa sobre user centric innovation (UCI):

Mas antes… O que é user centric innovation? 

O que é user centric innovation? Em busca de uma definição na academia e no mercado de negócios. Foto: Dataísmo.

UCI: em busca de uma definição

Os autores definem UCI como uma dimensão da inovação aberta em que a empresa incentiva e facilita a participação ativa ou envolvimento do consumidor final no processo de inovação do produto/serviço/ideia desenvolvido e oferecido pela empresa.

Isso envolve a coleta de contribuições e insights dos consumidores. É importante notar que essa definição se concentra nas contribuições dos usuários finais em oposição a parcerias de business-to-business (negócios-para-negócios, em tradução livre no português brasileiro).

Embora UCI não seja um conceito recente e tenha sido discutido desde a década de 1970, tem recebido mais interesse na literatura acadêmica na era digital.

Isso ocorre porque as preferências do consumidor estão mudando, as estratégias de marketing são mais interativas e há uma diversificação de plataformas e serviços de tecnologia. Com isso, nós vemos mais participação e ouvido atento ao consumidor, o que se torna uma parte da inovação e desenvolvimento de produtos ou serviços para os públicos.

User Centric Innovation: tipos de interações do consumidor em UCI

UCI: o que é customer centric innovation e como se aplica a inovação baseada no cliente. Foto: Dataísmo.

A literatura de gestão fornece várias terminologias para UCI, como inovação co-criativa, co-criação de clientes, inovações colaborativas com consumidores e crowdsourcing.

Essas interações variadas com o consumidor são consideradas canais válidos por meio dos quais as organizações podem centrar seus processos de inovação nos consumidores finais.

User Centric Innovation: desafios de implementar a inovação centrada no consumidor (usuário)

As interações entre consumidores e UCI apresentam diversos desafios.

Dentre eles, alguns consumidores podem não ter conhecimento técnico suficiente para propor ideias realizáveis de inovação. Outros podem relutar em compartilhar suas ideias com empresas, por medo de manipulação.

Existem também desafios relacionados ao controle e propriedade intelectual de ideias.

UCI: como colocar em prática?

A pesquisa sobre UCI tem implicações práticas significativas para as empresas.

Ao entender o processo de inovação centrada no consumidor e os desafios envolvidos, as organizações podem estabelecer estratégias mais eficazes de UCI.

Isso envolve a criação de comunidades de usuários, a definição de como as ideias dos consumidores são implementadas e o reconhecimento das necessidades dos consumidores antes do mercado.

Customer Centric Innovation: em outras palavras

Tentando resumir os principais tópicos, vejo que a inovação centrada no consumidor (UCI) é um conceito que envolve a coleta de contribuições e insights dos consumidores finais em relação ao processo de inovação do produto/serviço/ideia de uma empresa.

Isso é feito para incentivar a participação ativa e o envolvimento do consumidor no desenvolvimento de novos produtos ou serviços.

A UCI é vista como uma parte essencial da inovação aberta e tem implicações significativas para a prática de negócios, envolvendo o estabelecimento de comunidades de usuários e o entendimento dos desafios e oportunidades da interação com os consumidores.

User Centric Innovation desempenha um papel fundamental na inovação, pois permite que as empresas coletem ideias e insights valiosos diretamente de seus consumidores. E pode levar ao desenvolvimento de produtos mais alinhados com as necessidades e desejos do mercado.

Além disso, User Centric Innovation pode promover a fidelidade do cliente, melhorar o desenvolvimento de produtos e estreitar o relacionamento com os consumidores. Em resumo, a UCI é uma abordagem que coloca o consumidor no centro do processo de inovação, tornando-o um elemento essencial na busca por novas ideias e oportunidades.

De acordo com os pesquisadores, a investigação contínua nesse campo é necessária para abordar as lacunas de conhecimento e desenvolver estratégias mais eficazes de User Centric Innovation.

Sobre os autores

Jordan Gamble

Pesquisador associado na Universidade de Liverpool com doutorado em Negócios e Gestão pela Universidade de Ulster. Mais de doze anos de experiência em pesquisa qualitativa em universidades na China, Irlanda, Reino Unido e EUA. Pesquisa publicada em revistas líderes mundiais, incluindo Journal of Business Research, Entrepreneurship & Regional Development e European Journal of Marketing. Apresentou investigação em conferências internacionais na Austrália, Canadá, China, Islândia, Irlanda e Portugal. Índice H de 12, com publicações recebendo mais de 80.000 leituras no ResearchGate e mais de 600 citações no Google Scholar. Revisor de seis periódicos de primeira linha e quatro conferências internacionais. Membro da ILM, IAM, EURAM, ANZAM e Academy of Management. Os interesses de investigação centram-se na gestão de stakeholders nas indústrias criativas e culturais, com particular enfoque na indústria musical em termos de gestão da inovação, modelação de negócios, estratégia de marketing e cocriação de valor (fonte: Liverpool Academia EDU).

Michael Brennan

Professor em Gestão Estratégica e Desenvolvimento Sustentável com mais de 30 anos de experiência em desenvolvimento de negócios e consultoria. Focado em esquisa transdisciplinar, inovação em modelos de negócios e empreendedorismo. Durante os últimos dez anos, foi coinvestigador e líder de pacotes de trabalho em três grandes projetos financiados pelo Conselho de Pesquisa: o Centro de Avaliação Multidisciplinar de Tecnologia para Saúde (MATCH), financiado pelo EPSRC; o projeto SAFEWATER financiado pelo GCRF; e o projeto Global Research Translation financiado pelo GCRF. Além disso, participou em vários projetos de investigação de menor dimensão financiados pela UE/Reino Unido. No Ulster, atualmente Co-I e líder do pacote de trabalho em SAFEWATER (£ 4,8 milhões, 2017-2021) e Co-I no GCRF Global Research Translation Award (£ 837k, 2019-2021). Publicou 30 artigos revisados por pares e é membro sênior da Academia de Ensino Superior (fonte: Ulster University).

Rodney McAdam

O Professor McAdam é professor de Gestão da Inovação na Ulster Business School, Universidade do Ulster. Rodney recebeu recentemente o prêmio de bolsa de pesquisa distinta da Universidade de Ulster. Publicou um grande número de artigos em revistas internacionais com revisão por pares nesta área. É orador regular em conferências internacionais sobre questões de PME e supervisiona vários estudantes de doutorado nesta área. Antes de ingressar na universidade, trabalhou na indústria aeroespacial. A sua investigação centra-se na Gestão do Conhecimento e na implementação da inovação nas PME (fonte: Ulster University).

(Dados retirados do artigo homônimo e biografias vêm dos dados das universidades correspondentes. Última atualização em novembro de 2023. 

Artigo base: A contemporary and systematic literature review of user centric innovation: A consumer perspective Gamble, J., Brennan, M., & McAdam, R. (2019). A contemporary and systematic literature review of user centric innovation: A consumer perspective. In A. Brem (Ed.), Managing Innovation: Understanding and Motivating Crowds (1 ed., Vol. 1, pp. 1-55). Article 1 World Scientific Publishing. https://doi.org/10.1142/q0193).

Veja outros conceitos no especial Conceitos de Marketing e Dados. Categoria dedicada a entender termos ligados aos dados, tendências, comunicação e consumo.

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O que é V.U.C.A.? VUCA: artigo feito para compreender mais o conceito para resumir o mundo da volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade.

O que é V.U.C.A.? Volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade

VUCA: artigo feito para compreender mais o conceito para resumir o mundo da volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade.

Em um mundo marcado por mudanças e desafios cada vez mais crescentes, o conceito de VUCA, que significa Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade, ganhou significativo reconhecimento.  O termo foi criado para descrever os desafios multifacetados que as organizações enfrentam na paisagem global contemporânea. Como apontado por Doheny, Nagali e Weig (2012): 

“Em diversas indústrias, uma crescente onda de volatilidade, incerteza e complexidade nos mercados está agitando e mudando a natureza da competição.” 

Esses elementos se tornaram os pilares do ambiente imprevisível de negócios de hoje, remodelando a forma como os líderes e as organizações operam.

O que é V.U.C.A. no detalhe: definindo e contextualizando volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade

  • Volatilidade, o primeiro componente do VUCA, refere-se às mudanças rápidas e frequentemente imprevisíveis no cenário de negócios. Como resumiu de forma sucinta Warwick-Ching (2013), “A volatilidade oferece oportunidades de lucro.” Essas mudanças rápidas podem criar oportunidades ou representar desafios para as organizações. Para prosperar em um mundo volátil, os líderes precisam abraçar a agilidade e a adaptabilidade.
  • Incerteza, o segundo componente, significa a falta de previsibilidade e a presença de variáveis desconhecidas. De acordo com Hemingway e Marquart (2013)? “A incerteza é uma oportunidade.” Em um ambiente incerto, os líderes devem utilizar sua capacidade de previsão estratégica e habilidades de gerenciamento de riscos para aproveitar essas oportunidades e evitar possíveis armadilhas.
  • Complexidade representa a natureza intrincada e interconectada do mundo dos negócios modernos. O Boston Consulting Group (2013) enfatizou que “Simplificar a complexidade da TI é uma grande oportunidade.” Os líderes precisam lidar com avanços tecnológicos, impactos na indústria e mudanças demográficas, o que pode tornar a tomada de decisões mais desafiadora.
  • Ambiguidade, o último componente, significa a falta de clareza e interpretações conflitantes das informações. O Amerasia Consulting Group (2013) observou que “A ambiguidade representa uma oportunidade.” Os líderes devem ser hábeis em lidar com situações em que as informações são incompletas, contraditórias ou sujeitas a várias interpretações.

O que é V.U.C.A, em resumo

Em um mundo globalizado, entender a lógica VUCA continua relevante (apesar de surgirem outros termos que resumem ou tratam de assuntos ainda mais atuais ou, quem sabe, usam outros referenciais teóricos).

A globalização trouxe tanto oportunidades quanto ameaças para as organizações, como apontado por Bennett e Lemoine (2012). Mudanças econômicas, avanços tecnológicos e alterações demográficas têm aumentado a complexidade do ambiente de liderança. No entanto, reconhecer e abordar esses fatores é fundamental para preservar e aprimorar o desempenho organizacional.

Em um mundo VUCA, o poder da linguagem e da comunicação cuidadosa se torna fundamental. Os líderes podem usar suas palavras para guiar ações propositais e mobilizar suas equipes diante desses desafios. Além disso, os componentes do VUCA frequentemente se sobrepõem, criando desafios multifacetados.

Para lidar com essas complexidades, as pessoas (dentro e fora das empresas) precisam desenvolver a habilidade de discernir e rotular situações com precisão. Fazendo isso, podem mitigar as frustrações apresentadas pelo conceito do VUCA, aprimorando, em última análise, o desempenho organizacional em um mundo em constante mudança.

Em resumo, o termo VUCA resume a essência dos desafios que as organizações enfrentam no ambiente de negócios contemporâneo e globalizado. Ele serve como um lembrete para os líderes, profissionais ou pesquisadores serem ágeis, adaptáveis e estratégicos em sua abordagem, aproveitando o poder da linguagem e da resolução precisa de problemas para navegar na complexa teia de volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade que define o cenário empresarial contemporâneo. Com certeza um grande desafio.

Revendo o V.U.C.A.: o conceito de mundo B.A.N.I.

O futurista James Cascio sugere (2018) que o conceito de VUCA (Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade) já não é suficiente para descrever nossa realidade atual. VUCA tornou-se nosso estado padrão, perdendo sua utilidade para diferenciar as diferenças importantes. Vivemos em uma fase de mudança na natureza de nossa realidade social, cultural, política e tecnológica. Um novo paradigma exige uma nova linguagem, como o conceito BANI, que nos ajuda a compreender as consequências das perturbações em andamento, oferece uma plataforma para explorar estratégias adaptativas e fornece ferramentas para entender o caos em nosso mundo em constante evolução. “BANI” pode ser a chave para entender nossa realidade atual e navegar por ela.

“Um paralelo intencional ao VUCA, BANI – Frágil, Ansioso, Não Linear e Incompreensível – é uma estrutura para articular as situações cada vez mais comuns em que a simples volatilidade ou complexidade são lentes insuficientes para compreender o que está a acontecer. Situações em que as condições não são simplesmente instáveis, são caóticas. Onde os resultados não são simplesmente difíceis de prever, são completamente imprevisíveis. Ou, para usar a linguagem específica destas estruturas, situações em que o que acontece não é simplesmente ambíguo, é incompreensível. O BANI é uma forma de enquadrar melhor e responder ao estado atual do mundo. Algumas das mudanças que vemos acontecer na nossa política, no nosso ambiente, na nossa sociedade e nas nossas tecnologias são familiares – estressantes à sua maneira, talvez, mas de um tipo que já vimos e com que lidamos antes. Mas muitas das convulsões em curso não são familiares, são surpreendentes e completamente desorientadoras. Eles se manifestam de maneiras que não apenas aumentam o estresse que experimentamos, mas também multiplicam esse estresse.”

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