Resenha: “Vivendo como um guerreiro” por Whindersson Nunes
Whindersson Nunes veio da internet e colhe a alegria do sucesso, mas também o ódio dela no livro “Vivendo como um guerreiro”. Humorista e cantor, se tornou um dos maiores criadores de conteúdo do mundo. Agora, publica o seu primeiro livro. Ele escreve capítulos sinceros que mostram a sua trajetória profissional, a mudança do Piauí para o mundo, o luto do filho Miguel e a depressão. Nessa resenha falo um pouco sobre o livro e sobre a vida digital.
Revelar a sua luta contra as drogas é fato inédito, e foi marcado pelo medo da repercussão. “Meus amigos diziam que isso seria um prato cheio para a mídia. E eu também não queria que isso fosse um prato cheio para que as pessoas culpassem Luísa”. Após o termino do casamento, Sonza foi criticada duramente nas redes sociais, acusada de interesseira, oportunista e adúltera. Em um vídeo, a cantora já pediu para que parassem o ódio nas redes sociais. Luísa nunca contou do problema das drogas, mantendo a história de Whindersson privada até que ele mesmo revelasse.
Todo o livro nos faz pensar que fora da internet existe muito mais do que havia sido contado. A vida nas redes sociais é editada.
A relação com as drogas gerou surpresa nas redes
Dentre todos os assuntos, foi o assunto que mais surpreendeu na internet “quem diria que Whindersson tinha problema com drogas”, comentaram no Twitter. Mas a verdade é que apenas parte de sua vida era mostrada nas redes sociais, com vídeos de humor ou mensagens curtas de algumas piadas. E isso acaba valendo para todas as pessoas: o que está na internet é uma vida editada. E não só para ele, isso acaba valendo para todas as pessoas. Não é possível julgar ou conhecer um indivíduo em sua totalidade apenas por meio da web.
As drogas, o casamento com a cantora Luísa Sonza e o vazio
Em referência à música “Penhasco” do álbum Doce 22 da cantora, ele contou: “(…) Quando acabou com Luísa, eu também tive o meu penhasco (…) Reconheço que errei, que as drogas foram me destruindo (…) Não havia mais intervalos entre as drogas. Eu acordava e desacordava para a vida. Eram drogas e mais drogas tentando estancar sei lá o que”, escreveu ele no livro, explicando que a cantora não tinha culpa.
“Minha viagem com Luísa durou 4 anos. Ela me ajudou com a minha autoestima. Eu não me achava um cara interessante […]. Mas o olhar dela fazia com que eu acreditasse que, de fato, eu era interessante, eu era legal. E nisso, ela foi minha professora. E eu sou grato. Até hoje eu tenho uma confiança que ela despertou em mim”, disse Whindersson.
O efeito das drogas na saúde mental
“Elas aumentavam as minhas paranoias, medo das violências, medo das invasões. E o pânico? Não desejo isso para ninguém. Meu cérebro derretendo. Minhas noites mal dormidas, virando de um lado para o outro”, escreveu.
O luto do filho
“Pegamos João no colo, sem vida. Foi o momento em que eu mais chorei em toda a minha vida, e esse momento dura até hoje. A Maria, também. Entre as incredulidades do que estava acontecendo, escrevi com fé no Twitter: Deixai vir a mim os pequeninos, porque deles é o Reino dos Céus. E nada mais havia para ser dito. Havia muito para ser sentido. A dor de voltar para casa. A dor do desabamento de um sonho. A dor do adeus. A dor de voltar sem a criança e sem a barriga, depois de meses de esperança”, disse Whindersson, sobre João Miguel. “Quando uma história de amor acaba, uma história de amor acaba. Apenas isso. O amor continua.” completa, sobre o amor com Maria Lina, mãe de seu filho.
Após divulgação de trechos no livro, Whindersson recebeu mensagens de ódio
Muitas pessoas criticaram o seu comportamento após o fim do casamento, quando ele não publicou detalhes a respeito do término. Alguns especularam qual o motivo, ora culpando Whindersson, ora culpando Luísa. O cantor rebatou: “Eu não fiz uma biografia pra falar de Luísa, isso deve ter 2 páginas, eu não falei mal dela, meu livro fala sobre minha vida inteira. Vai tomar no seu c*, tô de saco cheio”, respondeu no Twitter. Comentários duros e críticas acompanham o lançamento do livro.
O ódio na internet continua, mas o seu humor, (ainda bem) também. E é possível acompanhar o seu álbum de músicas, a volta ao Youtube, fotos descontraídas no Instagram e tweets de piadas curtinhas.
Ficha Técnica
Vivendo como um guerreiro – 6 dezembro 2021
Por
Do interior do Piauí, brotou um menino espalhador de alegrias, um guerreiro na arte de pedir licença às adversidades e prosseguir vencendo. Whindersson tem a capacidade de ler a alma das pessoas e entrar nelas. É atento com o outro. Com os medos e os sonhos do outro. E vai além. É compassivo. É generoso. Ouvir cenas de sua vida é encontrar razões para prosseguir acreditando na natureza humana. Nada de perversidades. Nada de distrações no tema maior do existir: ser bom para o outro. Whindersson é bom para o outro, é bom para os milhões que dedicam pedaços de suas vidas para acompanhar a vida do tal menino espalhador de alegrias. Disse Euclides da Cunha que: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”. Em tudo de Whindersson, há a força do sertão nordestino. Em seus exemplos. Em suas lembranças. Em seu estender a mão para dar oportunidades. Mas é ele também frágil, como se deve ser, como se é quem tem sensibilidade. É instigante ouvir o seu relato sobre a dor. E ela já o visitou muitas vezes. E ele a recebeu. Aprendeu e pediu licenças para prosseguir cultivando a felicidade. O que mais me impressiona em seus relatos é a verdade. Não há máscara no mundo mais bonita do que o rosto humano. E ele sabe disso. E, por isso, revela-se generosamente. E, por isso, inspira. Que seja este livro uma inspiração que dignifique a vida e que semeie, no mundo, mundos melhores, de pessoas mais atentas, de mulheres e homens decididos a prosseguir “Vivendo como guerreiros”.