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Maratona Sandman: Neil Gaiman e a Netflix. Imagem: Divulgação/Netflix.

Maratona Sandman: Neil Gaiman e algoritmos da Netflix

Maratona Sandman: a série pode não ser renovada para a segunda temporada. O criador Neil Gaiman pede à audiência para assistir e maratonar. Também comenta sobre os requisitos para renovação na Netflix. Um pouco do cenário, quais são as métricas dessas maratonas e os investimentos financeiros da plataforma para a série.

Recentemente, o algoritmo da maratona da Netflix foi citado pelo autor Neil Gaiman como fator importante para continuar Sandman.

Neil Gaiman explica a importância do algoritmo para a série

Série Sandman. Imagem: Divulgação/Netflix.
Série Sandman. Imagem: Divulgação/Netflix.

Quando perguntado pelos fãs sobre a renovação da série Sandman, ele explicou que o lançamento da segunda temporada da série depende de números de audiência da Netflix.

Segundo Gaiman, a plataforma de streaming tem a métrica de horas assistidas como fator importante para considerar a renovação. Em tradução livre:

Um fã escreveu (em 21 de agosto): “Neil está mais do que à altura das expectativas, obrigado. Com toda a conversa sobre ser um programa top no streaming nas últimas 2 ou mais semanas, não entendo por que a segunda temporada é uma pergunta.”

“Porque Sandman é um show muito caro. E para a Netflix liberar o dinheiro para nos permitir fazer outra temporada, temos que ter um desempenho incrivelmente bom. Então sim, nós fomos o melhor show do mundo nas últimas duas semanas. Isso ainda pode não ser suficiente”, respondeu Neil Gaiman.

Em busca das métricas da maratona

Sandman e Morte na série. Imagem: Divulgação/Netflix.
Sandman e Morte na série. Imagem: Divulgação/Netflix.

De acordo com Neil Gaiman, o algoritmo do streaming identifica ser maratonável (o consumo consecutivo) como um fator de sucesso e renovação das séries.

A Netflix mede suas visualizações analisando o número total de horas que os assinantes passaram assistindo a um título específico (“maratonando”). Nesse contexto, duas métricas podem ser consideradas para a avaliação: o total de horas assistidas (‘total millions de horas”) e a taxa de conclusão no período (que pode ser considerada como a taxa de finalização da temporada. Para vídeos únicos, é chamada de VCR ou “video completion rate”, que corresponde à média que os vídeos ou a maratona é completada) pelo tempo.

O desafio de Sandman

Coríntio na série Sandman. Imagem: Divulgação/Netflix.
Coríntio na série Sandman. Imagem: Divulgação/Netflix.

A série é considerada uma narrativa mais lenta, e é vista pelos consumidores em outro ritmo.

Apesar de ter conquistado boas avaliações, com 86% críticas positivas Rotten Tomatoes, não segue a regra de outras séries de comédia, reality shows e demais formatos, que costumam ser maratonados.

Sandman possui a construção de um universo novo, conquistando uma audiência que pode sair do padrão de assistir vários episódios consecutivos.

Constantine na série Sandman. Imagem: Divulgação/Netflix.
Constantine na série Sandman. Imagem: Divulgação/Netflix.

Pedidos do autor para assistir a série

Em um tweet, Gaiman pede a seus seguidores que terminem de assistir ao programa, pois a Netflix leva em alta consideração para pensar em renovar para mais uma temporada.

Um fã escreveu: “Esticamos propositalmente para que dure mais. Parece mais popular se assistirmos tudo de uma vez?”

Gaiman: “Faz, sim. Porque eles estão olhando para “taxas de conclusão”. Então, as pessoas que assistem no seu próprio ritmo não aparecem”.

Reflexões sobre maratonas (e diferentes audiências)

Desejo na série Sandman. Imagem: Divulgação/Netflix.
Desejo na série Sandman. Imagem: Divulgação/Netflix.

Algumas pessoas nas redes sociais têm questionado sobre essas métricas de streaming.

Em um mundo com cada vez mais maratonas e conteúdos rápidos, será que existe espaço para séries mais lentas nas grandes plataformas? (Uma maratona Sandman seria necessária, apesar da produção ser de ritmo diferente?).

Caso não haja espaço para pessoas que não curtem maratonas para Sandman (ou de outras séries) elas ficariam sem esse tipo de conteúdo para assistir? São várias questões que Neil Gaiman abre, quando investigamos consumo e audiências.

Investimento e continuidade

Lucienne na série Sandman. Imagem: Divulgação/Netflix.
Lucienne na série Sandman. Imagem: Divulgação/Netflix.

Até o momento, a Netflix fez um investimento alto em Sandman e também realizou diversas campanhas de divulgação.

O portal Deadline informou que são mais de 15 milhões de dólares por episódio para a primeira temporada de Sandman.  Com 11 episódios, isso significa que uma temporada custa, em média, 165 milhões de dólares para ser produzida. O número não inclui o investimento em marketing, o que significa que o total investido pode ser bem maior.

(Mas isso seria o suficiente para que Sandman continue? Ou séries que fogem do padrão de  maratona? São várias questões.)

+ Mais algumas imagens da série

Série Sandman. Imagem: Divulgação/Netflix.
Série Sandman. Imagem: Divulgação/Netflix.
Série Sandman. Imagem: Divulgação/Netflix.
Série Sandman. Imagem: Divulgação/Netflix.

Mais conteúdos

Tendência Y2K: a nostalgia dos anos 2000. Na foto, duas pessoas tiram selfies com câmeras portáteis grandes da época. Reprodução/FreePik.

Tendência Y2K: a nostalgia dos anos 2000

Y2K é a abreviação para anos 2000. E apesar de fazer 22 anos dessa década, ela voltou com tudo, inclusive entre gerações mais jovens. O surgimento da tendência Y2K têm aumentado nos últimos anos, especialmente desde 2018 para cá.

E é parte de um fenômeno maior, que tem ocorrido com outras décadas (o caso dos anos 1990). Fortune India listou, em 2018, que estamos vivendo the nostalgia economy: quando o marketing e o consumo se baseiam na ideia de uma era de maior inocência e tempo livre

Abaixo, listo em breve panorama da década e alguns dados sobre ela: o aumento nas buscas no Google e o volume de visualizações nas hashtags do Tik Tok com a temática Y2, que são vídeos que utilizam os anos 2000 de algum modo, seja na música ou na estética. São tópicos de destaque no consumo audiovisual e nos produtos utilizados, que faz parte de um assunto tão extenso que envolve a cultura do período.

Panorama Y2K

Tendência Y2K: a nostalgia dos anos 2000. Na foto, um jovem com óculos colorido, cropped com umbigo à mostra e calça cargo. Ela está apoiada em várias tv de tubo. Reprodução/FreePik.
Tendência Y2K: a nostalgia dos anos 2000. Na foto, um jovem com óculos colorido, cropped com umbigo à mostra e calça cargo. Ela está apoiada em várias tv de tubo. Reprodução/FreePik.

Na década 2000, ainda não tínhamos redes sociais igual aos dias de hoje, umas das principais leituras na internet eram os blogs pessoais, um dos celulares de última geração tinha o formato “flip”, os jogos mais comuns eram o de “cobrinha” (snake, do Nokia) e a selfie estava começando a ser popularizada por meio de câmeras portáteis da Sony. 

Celebridades como Paris Hilton, Britney Spears e Lindsay Lohan incorporaram as tendências daquela época e ilustraram tablóides nas bancas, com notícias fotografadas por paparazzis (que muitas vezes eram acusados de invadir a privacidade por quem estava em alta no período). Na tv por assinatura, Sex and The City (HBO) com Carrie Bradshaw desfilava looks com o elenco da série, enquanto The Sopranos ia ao ar  no mesmo canal. E as boy bands estavam com tudo nos rádios, lançando videoclipes com coreografias que eram sucesso na MTV.

Dados sobre Y2K

Tendência Y2K: a nostalgia dos anos 2000. Na foto, uma jovem usando top tank e calça reta, penteado com bumps e apoiada na tv de tubo. Reprodução/FreePik.
Tendência Y2K: a nostalgia dos anos 2000. Na foto, uma jovem usando top tank e calça reta, penteado com bumps e apoiada na tv de tubo. Reprodução/FreePik.

Apenas no Tik Tok, já são mais de 6.3 bilhões de visualizações nos vídeos com a hashtag #y2k.

No Google, são 34 milhões de resultados por Y2K (dados de maio de 2022). O Brasil, nos últimos cinco anos, mostrou “breakout”, que é quando as buscas pelo termo aumentaram mais de 5.000%.

  • Aumento repentino (+ de 5.000% em) nas buscas por:  y2k aesthetic, cyber y2k, calça y2k, streetwear y2k;
  • estilo y2k (aumento de 3.800%) e y2k style, inglês, (+ 3.250%)
  • y2k significado (+2.900%)
  • y2k fashion (+1.900%)
  • o que foi o bug do milênio (+40%).
  • Outros termos ligados aos anos 2000: os estilos emo, gótico, indie rock, cottagecore, grunge e rap, tiveram + 5.000% de aumento.
  • Ainda encontramos interesse no ano de 1999 (+ 5.000%).

Dados de maio de 2022.

Destaques Y2K

Tendência Y2K: a nostalgia dos anos 2000. Na foto, um jovem com óculos colorido, regata branca e calça cargo está apoiado na tv de tubo. Reprodução/FreePik.
Tendência Y2K: a nostalgia dos anos 2000. Na foto, um jovem com óculos colorido, regata branca e calça cargo está apoiado na tv de tubo. Reprodução/FreePik.

Em 2021, Y2K foi apontado como a maior tendência de street style (moda das ruas) na Vogue americana por estar presente no circuito de moda das cidades de Paris, Xangai, Milão, Londres, Copenhague e Nova York. 

As famosas Dua Lipa, Hayley Bieber, Bella Hadid e Gigi Hadid ajudaram a popularizar peças e acessórios Y2K, inclusive entre gerações mais jovens que não viveram esses anos (é o caso da geração Z e da geração alpha). Peças dos anos 2000 incluem o uso da calça de cintura baixa, uso dos top tanks, calça cargo, tops feitos de bandanas, uso do marrom e tons terrosos. A maquiagem e os cabelos também ganham a estética do período. É o caso de acessórios como a bandana amarrada nos cabelos, óculos de sol coloridos, presilhas e broches. As miçangas coloridas aparecem nos colares e pulseiras. 

Na música, os desafios no Tik Tok e nas demais redes de vídeo, como o Instagram, passaram a utilizar hits da época para ser trilha sonora dos desafios ou trends. Britney Spears, Nsync, Backstreet Boys e diversos cantores e bandas reaparecem entre eles. A música “Toxic” foi usada para falar de traços tóxicos de personalidade, “Dilemma” da Nelly, virou dublagem com o seu “ow” e até o tema do Backyardigans se tornou coreografia.

As séries de tv Y2K também têm se tornado clássicos revisitados, especialmente com a chegada dos streamings on-demand, que permitem ver tudo o que foi exibido na época na facilidade de um clique. 

O comercial do SuperBowl em 2022 usou referência dos Sopranos utilizando a história das gangues da série. The Sopranos está disponível no HBO, disponível para todos os assinantes hoje. E o seu comeback incluiu o lançamento de um filme em 2021, The Many Saints of Newark, contando a história de Tony Soprano.

https://www.youtube.com/watch?v=2bZYqFsU72Y

Cenário de 2022 potencializa a divulgação das tendências

De forma geral, tanto na moda, música e estética, o Y2K tem sido cada vez mais presente desde o começo dos anos 2020. Com o efeito “throwback” e a chamada “economia das nostalgia” algumas canções podem voltar às paradas de sucesso.

Além de trazer lembranças para quem viveu os anos 00s, essas tendências também conquistaram os mais novos, como a geração Z, que criam vídeos ao som das músicas e vestem o que lembra a adolescência de muitos. As músicas que apareciam nos videoclipes da TV, especialmente na MTV (Music Television) retornam por meio do Youtube outras plataformas de vídeos.

O Tik Tok, espaço usado por diversas gerações, inclusive a gen Z (nascidos depois de 1995)e o Instagram são potencializadores para tornar essas tendências virais, tanto na divulgação de peças quanto no consumo musical ou de audiovisual, como as séries.

E sem a dificuldade da internet discada dos anos 00s e começo do wi-fi como conhecimos, e com a facilidade dos streamings dos anos 20, essas e outras peças deixam a nostalgia no alcance de um clique.

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