Conceitos de Marketing e Dados

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O que é Mundo B.A.N.I., por Jamais Cascio, exemplos do mundo BANI hoje

O que é Mundo B.A.N.I., por Jamais Cascio

O conceito de Mundo B.A.N.I. surgiu por Jamais Cascio, do Institute for The Future (IFTF), de Palo Alto (Califórnia). Em 2018, o pesquisador e futurista descreve o ambiente atual como BANI (Brittle, Anxious, Non-linear and Incomprehensible): Frágil, Ansioso, Não linear e Incompreensível. Tentarei destrinchar mais esses conceitos a seguir, com base nas publicações do próprio Jamais Cascio.

Mundo B.A.N.I.: uma realidade cada dia mais caótica

De acordo com Jamais Cascio, o conceito de V.U.C.A. (Volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade) para entender o mundo é claro, mas tornou-se parte do passado, pois desde o final dos anos 2010 tornou-se obsoleto e incompleto. Para Cascio, 

Vivemos constantemente em um mundo caracterizado por cada dia mais fragilidade e precisamos rever a visão de V.U.C.A, já que a cada dia existe mais caos e mais estresse, causados pelo excesso de informações e mudanças rápidas.

Descrever a realidade como VUCA ofereceria pouca visão, já que nossa realidade social, política, cultural e tecnológica passou por uma mudança de fase significativa. Seria hora de adotar uma nova abordagem para compreender essa realidade em constante transformação. 

Significado de Mundo B.A.N.I.

B.A.N.I. significa: frágil, ansioso, não linear e incompreensível. 

Nas palavras do próprio autor:

Frágil: Sistemas frágeis são suscetíveis a falhas repentinas e catastróficas. Ao contrário de resilientes, eles são frágeis. Os sistemas frágeis são como o vidro do seu smartphone – podem ser extremamente resistentes, mas quando quebram, não falham graciosamente ou gradualmente; eles simplesmente se quebram e desmoronam incontrolavelmente.

A fragilidade no Mundo BANI aparece em casos como colapsos financeiros imprevisíveis como quebra de bolsas de valores ou uma pandemia como a da Covid-19, que sobrecarregou os hospitais (e eram sistemas aparentemente robustos e confiáveis).

Ansioso: a ansiedade está em alta hoje – assim como sua prima próxima, a depressão. Num mundo ansioso, estamos constantemente no limite, à espera que o próximo sapato caia, ou a próxima má notícia que nos atinja, ou a próxima distopia ficcional que nos seja apresentada não apenas como um caminho possível, mas provável para a humanidade, e com muita credibilidade. Todos os elementos do enquadramento VUCA também geram ansiedade, por isso o resultado não é particularmente surpreendente.

Um exemplo da questão da saúde mental vem dos dados da Organização Mundial de Saúde (OMS): o Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas: 9,3% da população. De acordo com o portal Saúde.GOV, “há também um enorme alerta sobre a saúde mental dos brasileiros, já que uma em cada quatro pessoas no país sofrerá com algum transtorno mental ao longo da vida” (abril/2023).

Não-linear: Num mundo não linear, causa e efeito são aparentemente desconectados ou desproporcionais. Talvez outros sistemas interfiram ou obscureçam, ou talvez haja histerese oculta, enormes atrasos entre a causa visível e o efeito visível. Num mundo não linear, os resultados das ações tomadas, ou não, podem acabar por ficar totalmente desequilibrados. Pequenas decisões acabam com consequências enormes, boas ou más. Ou desenvolvemos enormes esforços, empurrando e empurrando, mas com pouco a ver.

A não-lineariedade pode aparecer nas redes sociais, quando uma única postagem viral pode ter impactos enormes, bons ou ruins, e causar mudanças significativas no comportamento do público, destacando a desconexão aparente entre ações individuais e seus resultados.

Incompreensível: Não só, como disse Arthur C Clarke, qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da magia, mas as coisas do dia a dia são agora incompreensíveis. Estar vivo no século XXI é depender de inúmeros sistemas complexos e incompreensíveis que afetam profundamente as nossas vidas. Como Quinn Norton apontou, mesmo “uma área de trabalho comum do Windows é tão complexa que ninguém na Terra sabe realmente o que tudo isso está fazendo, ou como” – muito menos uma vasta rede de tais computadores ou mais sistemas complicados.

A incompreensibilidade do mundo BANI pode acontecer na inteligência artificial, onde algoritmos complexos tomam decisões que podem ser difíceis de entender, como sistemas de aprendizado profundo que criam suas próprias regras, tornando difíceis de entender as razões por trás de suas escolhas (por falta de regras claras). Isso não quer dizer que sistemas de IA não são utilizados, mas sim que nem sempre são compreendidos.

Cascio refere-se à famosa frase “Qualquer tecnologia avançada parece mágica” é de Arthur C. Clarke, um renomado escritor de ficção científica, autor de “2001: Uma Odisséia no Espaço”. Ela nos lembra que, para muitos, tecnologias complexas podem parecer mágicas devido à falta de compreensão.

Clarke, era cientista e pesquisador e também considerado um visionário, pois previu muitos avanços tecnológicos. A frase sobre a mágica da tecnologia faz parte das chamadas “Três Leis de Clarke”. As “Leis de Clarke” são três formulações que exploram a relação entre a humanidade e a tecnologia.

As Três Leis de Clarke

A primeira Lei de Clarke é “Quando um cientista distinto e experiente diz que algo é possível, é quase certeza que tem razão. Quando ele diz que algo é impossível, ele está muito provavelmente errado”: destaca que quando um cientista experiente afirma que algo é possível, é provável que esteja correto, enquanto a declaração de que algo é impossível muitas vezes se mostra equivocada.

A segunda Lei de Clarke é: “O único caminho para desvendar os limites do possível é aventurar-se um pouco além dele, adentrando o impossível”. Incentiva a exploração para desvendar os limites do possível, adentrando o território do impossível.

A terceira Lei de Clarke, citada por Jamais Cascio, é: “Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da magia.” Talvez a mais conhecida, afirma que tecnologias avançadas podem parecer mágica para aqueles que não compreendem seu funcionamento, enfatizando a ideia de que o desconhecido pode parecer extraordinário. Essas leis refletem a visão de Clarke sobre o potencial humano e a evolução da tecnologia.

Em outras palavras, mundo BANI representa uma realidade caracterizada por sistemas frágeis e suscetíveis a falhas, uma constante ansiedade devido à incerteza, uma relação não-linear entre ações e consequências, e uma crescente incompreensibilidade de sistemas e tecnologia que afetam nossas vidas. É um novo paradigma que desafia a forma como entendemos e navegamos no mundo contemporâneo.

Mais sobre Jamais Cascio

Jamais Cascio, reconhecido como um dos 100 melhores pensadores globais pela Foreign Policy, concentra-se na interseção de tecnologias emergentes, questões ambientais e mudanças culturais. Especializado na criação de cenários futuros plausíveis, ele enfatiza o pensamento sistêmico de longo prazo, promovendo abertura, transparência e flexibilidade para construir sociedades resilientes. Cascio é o criador do modelo “BANI”, amplamente adotado para lidar com cenários caóticos. Em 2017, recebeu um doutorado honorário da University of Advancing Technology. Autor de “Hacking the Earth”, sua expertise o levou a apresentar na Academia Nacional de Ciências de Washington, DC. Recentemente, em março de 2022, lançou o “Age of BANI” como foco principal de seu trabalho nesse modelo.

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O que é V.U.C.A.? Volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade

VUCA: artigo feito para compreender mais o conceito para resumir o mundo da volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade.

Em um mundo marcado por mudanças e desafios cada vez mais crescentes, o conceito de VUCA, que significa Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade, ganhou significativo reconhecimento.  O termo foi criado para descrever os desafios multifacetados que as organizações enfrentam na paisagem global contemporânea. Como apontado por Doheny, Nagali e Weig (2012): 

“Em diversas indústrias, uma crescente onda de volatilidade, incerteza e complexidade nos mercados está agitando e mudando a natureza da competição.” 

Esses elementos se tornaram os pilares do ambiente imprevisível de negócios de hoje, remodelando a forma como os líderes e as organizações operam.

O que é V.U.C.A. no detalhe: definindo e contextualizando volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade

  • Volatilidade, o primeiro componente do VUCA, refere-se às mudanças rápidas e frequentemente imprevisíveis no cenário de negócios. Como resumiu de forma sucinta Warwick-Ching (2013), “A volatilidade oferece oportunidades de lucro.” Essas mudanças rápidas podem criar oportunidades ou representar desafios para as organizações. Para prosperar em um mundo volátil, os líderes precisam abraçar a agilidade e a adaptabilidade.
  • Incerteza, o segundo componente, significa a falta de previsibilidade e a presença de variáveis desconhecidas. De acordo com Hemingway e Marquart (2013)? “A incerteza é uma oportunidade.” Em um ambiente incerto, os líderes devem utilizar sua capacidade de previsão estratégica e habilidades de gerenciamento de riscos para aproveitar essas oportunidades e evitar possíveis armadilhas.
  • Complexidade representa a natureza intrincada e interconectada do mundo dos negócios modernos. O Boston Consulting Group (2013) enfatizou que “Simplificar a complexidade da TI é uma grande oportunidade.” Os líderes precisam lidar com avanços tecnológicos, impactos na indústria e mudanças demográficas, o que pode tornar a tomada de decisões mais desafiadora.
  • Ambiguidade, o último componente, significa a falta de clareza e interpretações conflitantes das informações. O Amerasia Consulting Group (2013) observou que “A ambiguidade representa uma oportunidade.” Os líderes devem ser hábeis em lidar com situações em que as informações são incompletas, contraditórias ou sujeitas a várias interpretações.

O que é V.U.C.A, em resumo

Em um mundo globalizado, entender a lógica VUCA continua relevante (apesar de surgirem outros termos que resumem ou tratam de assuntos ainda mais atuais ou, quem sabe, usam outros referenciais teóricos).

A globalização trouxe tanto oportunidades quanto ameaças para as organizações, como apontado por Bennett e Lemoine (2012). Mudanças econômicas, avanços tecnológicos e alterações demográficas têm aumentado a complexidade do ambiente de liderança. No entanto, reconhecer e abordar esses fatores é fundamental para preservar e aprimorar o desempenho organizacional.

Em um mundo VUCA, o poder da linguagem e da comunicação cuidadosa se torna fundamental. Os líderes podem usar suas palavras para guiar ações propositais e mobilizar suas equipes diante desses desafios. Além disso, os componentes do VUCA frequentemente se sobrepõem, criando desafios multifacetados.

Para lidar com essas complexidades, as pessoas (dentro e fora das empresas) precisam desenvolver a habilidade de discernir e rotular situações com precisão. Fazendo isso, podem mitigar as frustrações apresentadas pelo conceito do VUCA, aprimorando, em última análise, o desempenho organizacional em um mundo em constante mudança.

Em resumo, o termo VUCA resume a essência dos desafios que as organizações enfrentam no ambiente de negócios contemporâneo e globalizado. Ele serve como um lembrete para os líderes, profissionais ou pesquisadores serem ágeis, adaptáveis e estratégicos em sua abordagem, aproveitando o poder da linguagem e da resolução precisa de problemas para navegar na complexa teia de volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade que define o cenário empresarial contemporâneo. Com certeza um grande desafio.

Revendo o V.U.C.A.: o conceito de mundo B.A.N.I.

O futurista James Cascio sugere (2018) que o conceito de VUCA (Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade) já não é suficiente para descrever nossa realidade atual. VUCA tornou-se nosso estado padrão, perdendo sua utilidade para diferenciar as diferenças importantes. Vivemos em uma fase de mudança na natureza de nossa realidade social, cultural, política e tecnológica. Um novo paradigma exige uma nova linguagem, como o conceito BANI, que nos ajuda a compreender as consequências das perturbações em andamento, oferece uma plataforma para explorar estratégias adaptativas e fornece ferramentas para entender o caos em nosso mundo em constante evolução. “BANI” pode ser a chave para entender nossa realidade atual e navegar por ela.

“Um paralelo intencional ao VUCA, BANI – Frágil, Ansioso, Não Linear e Incompreensível – é uma estrutura para articular as situações cada vez mais comuns em que a simples volatilidade ou complexidade são lentes insuficientes para compreender o que está a acontecer. Situações em que as condições não são simplesmente instáveis, são caóticas. Onde os resultados não são simplesmente difíceis de prever, são completamente imprevisíveis. Ou, para usar a linguagem específica destas estruturas, situações em que o que acontece não é simplesmente ambíguo, é incompreensível. O BANI é uma forma de enquadrar melhor e responder ao estado atual do mundo. Algumas das mudanças que vemos acontecer na nossa política, no nosso ambiente, na nossa sociedade e nas nossas tecnologias são familiares – estressantes à sua maneira, talvez, mas de um tipo que já vimos e com que lidamos antes. Mas muitas das convulsões em curso não são familiares, são surpreendentes e completamente desorientadoras. Eles se manifestam de maneiras que não apenas aumentam o estresse que experimentamos, mas também multiplicam esse estresse.”

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Consumer Insights: histórico, transformação e pesquisa

O termo “Consumer Insights” ou “insights do consumidor” é relativamente novo e podem surgir muitas questões do que isso difere da pesquisa de marketing e pesquisas qualitativas/quantitativas tradicionais. Para entender mais, fui buscar na academia suas definições e apontamentos de pesquisadores reconhecidos na área.

Os pesquisadores Adam J. Mills and Joseph F. destrincham que “o cenário da educação em pesquisa de marketing está enfrentando um momento crucial em sua história” Hair, Jr.. Ambos fazem parte da Marketer’s Education Association e publicaram no Journal of Marketing Education).

“O cenário da educação em pesquisa de marketing está enfrentando um momento crucial em sua história”. É que contam Adam J. Mills and Joseph F. Hair, Jr. no artigo “Consumer Insights: A Turning Point for Marketing Research Education” em 2021 (“Consumer Insights: um ponto de virada para a educação em pesquisa de marketing”, tradução livre para o português).

De acordo com os autores, ao longo dos anos, o campo do marketing evoluiu e se diversificou em várias subdisciplinas, tornando-se cada vez mais complexo. No entanto, parece que no processo de “fazer marketing”, o propósito mais amplo, que é criar valor, tem sido um tanto obscurecido (Sheth, 2021).

Reconhecer a necessidade de mudança é o primeiro passo para corrigir a situação. Os educadores de marketing precisam confrontar a realidade de que a aula de pesquisa de marketing muitas vezes é percebida como entediante e pode não envolver plenamente os estudantes em sua estrutura e entrega atuais (Mills & Hair, “Consumer Insights: Um Ponto de Virada para a Educação em Pesquisa de Marketing”). Para enfrentar esse desafio, é necessária uma reformulação da disciplina.

Uma maneira prática de iniciar essa transformação é por meio do poder das definições (como chamamos e refazemos essas disciplinas). Os nomes que atribuímos aos conceitos têm um impacto profundo em como eles são percebidos (Plangger et al., 2013).  Nesse contexto, o termo “percepções do consumidor” é proposto como substituto para nomes tradicionais de cursos, como “Criando Oportunidades de Mercado”. A pesquisa mostrou que a forma como os cursos são descritos influencia significativamente o interesse dos estudantes e a intenção de matrícula (Mourey et al., 2021).

O artigo de Eileen Bridges, “O Curso de Pesquisa em Marketing para Graduandos: Duas Décadas de Mudança”, examina a evolução da educação em pesquisa de marketing para graduandos ao longo de duas décadas. 

Em seu estudo, questiona se o currículo acompanhou a evolução do cenário de pesquisa de marketing influenciado pelas tecnologias digitais, mudanças na obtenção de dados, mudanças em metodologias de pesquisa e considerações éticas em evolução. 

Transição para Consumer Insights: histórico aplicado para o futuro

Bridges também destaca a transição de análises qualitativas para análises quantitativas e as necessidades em evolução dos estudantes universitários de hoje, que desejam mais independência como aprendizes e exigem mais de seus instrutores. É isso que se baseia o conceito de “Consumer Insights” ou os estudos do consumidor mais aplicados ao mercado.

De acordo com Sheth, para impulsionar a educação em pesquisa de marketing, uma reformulação coletiva e talvez radical é essencial. Os artigos nesta edição especial representam os primeiros passos em direção a uma nova era de pesquisa e prática em educação em percepções do consumidor. 

Essa transformação requer uma comunidade de agentes de mudança dispostos a abraçar a inovação, livrar-se do foco excessivo em processos e métodos e adotar a análise como a nova realidade da pesquisa de marketing prática.

Em outras palavras: Consumer Insights é parte do histórico e se transforma

Em resumo, a educação em pesquisa de marketing está em um ponto de virada e requer uma perspectiva fresca e uma mudança de foco em direção ao objetivo mais amplo de criar valor por meio de percepções do consumidor. Essa evolução é vital para envolver os estudantes, permanecer relevante na era digital e preparar a próxima geração de profissionais de marketing para o sucesso em um campo em constante evolução.

Particularmente eu chamo de “pesquisa de mercado 2.0.” ou “pesquisa de mercado on the rocks” (drink). Não é estudo só pelo estudo, é o estudo com aplicação e prática no mercado. O mais importante é mais foco nas pessoas – e menos foco nas mensagens tradicionais publicitárias, entendendo as necessidades, dores e paixões de genteS. E, com isso, fim de criar oportunidades de negócios e, quem sabe, mais produtos serviços ou mensagens mais ligados às pessoas em si e menos às necessidades do próprio mercado.

Mais sobre os autores

Adam J. Mills – Professor Associado de Marketing, titular da Chase Professorship in Business e Diretor do Corpo Docente de Programas de Pós-Graduação. Ph.D., Universidade Simon Fraser, 2016; MBA, Simon Fraser University, 2010; BA. (Hons.), Universidade da Colúmbia Britânica, 2003. Ele atua como editor associado do Journal of Strategic Marketing, do International Journal of Advertising e do Journal of Marketing Education, como presidente do Marketing Communications Group da American Marketing Association e faz parte do conselho da Marketing Educators’ Association. Adam também lecionou no Babson College, na University of Massachusetts Amherst, na University of Northern British Columbia, na Simon Fraser University, na RWTH Aachen University e na Oklahoma State University (fonte: Loyola University of Orleans).

Joseph F. Hair Jr. – Professor de Marketing da Kennesaw State University e diretor do programa de doutorado em administração. Autor de Fundamentos de Métodos de Pesquisa em Administração e Análise Multivariada de Dados, ambos publicados pela Bookman. Bacharel em Letras – Inglês pela Vanderbilt University, mestre em Administração Pública e de Empresas e PhD em Marketing na University of California, em Irvine. PhD em Marketing pela Louisiana State University. Professor de Marketing, ocupa a cátedra de Alumni e Amigos de Administração na Louisiana State University em Alexandria. Ele é autor de mais de 75 edições de seus livros, incluindo Análise Multivariada de Dados (8ª edição, 2019) (citado mais de 135.000 vezes) Essentials of Business Research Methods (2020), A Primer on Partial Least Squares Structural Equation Modeling – PLS (3ª edição, 2021) e Essentials of Marketing Research (5ª edição, 2020) e MKTG (13ª edição, 2021). Ele é conhecido por suas contribuições para Pesquisa de Marketing e Análise Multivariada de Dados. Em 2018, 2019 e 2020, a Clarivate Analytics reconheceu o Dr. Hair como parte do top 1% de todos os professores de Administração e Economia do mundo (Wikipédia).

 

Saiba mais casos de sucesso e pesquisas em Consumer Insights.

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Nordeste Washing, a versão greenwashing do Nordeste

O termo “Nordeste Washing”… (pera ainda*, o que é isso?)

Até hoje, tinham zero resultados no Google sobre isso.

Trazer um termo “pop” e em “inglês” tem um objetivo.

Quero resumir e descrever uma prática que se assemelha ao greenwashing, mas em relação à região nordeste do Brasil.

Se a “invenção do Nordeste” é uma opção, que classifiquemos e tenhamos uma outra forma de dizer isso que é do mesmo espírito do greenwashing, pinkwashing ou pink money. A diferença é que é do Nordeste. Vamos aprofundar?

*pera ainda e não pera aí é uma expressão que significa”segura”ou peraí.

Atualmente, vemos algumas ações na mídia para a região ou sobre o Nordeste. Elas têm crescido. Em minhas duas pesquisas acadêmicas sobre Nordeste/cordel, e também vivendo e pesquisando o mercado de comunicação hoje, pude entender melhor isso e como se desenrola.

Assim como o greenwashing envolve ações que aparentam ser ambientalmente responsáveis, mas na realidade não o são, o Nordeste Washing refere-se a iniciativas que parecem estar comprometidas com a causa nordestina, mas que, na prática, não contribuem de forma significativa para a região ou para a inclusão dos nordestinos.

Um exemplo desse fenômeno pode ser observado quando algumas empresas ou marcas fazem campanhas publicitárias que destacam o Nordeste e suas culturas uma vez por ano, geralmente durante festas populares como o São João ou o Carnaval.

Essas campanhas podem incluir elementos típicos da região, como músicas, danças, trajes e até mesmo o sotaque característico.

No entanto, durante o restante do ano, essas empresas raramente têm envolvimento real com a região, sem investimentos, ações sociais ou parcerias de longo prazo com instituições locais.

A consequência dessa prática para a imagem das marcas e empresas de comunicação pode ser negativa.

Embora as campanhas sazonais de Nordeste Washing possam atrair a atenção momentânea do público e gerar algum buzz nas redes sociais, muitas vezes elas são percebidas como oportunismo e falta de comprometimento genuíno com a região.

Crítica e foco em novas gerações

A audiência está cada vez mais consciente e crítica em relação a ações de marketing vazias, e essa falta de autenticidade pode levar a uma perda de confiança e credibilidade por parte do público.

É por isso que hoje em dia se discute o storydoing e não apenas o storytelling.

Em outras palavras, as pessoas e, em especial, as novas gerações, buscam conexão com marcas e empresas que praticam o que falam. E não só aquelas marcas que contam histórias.

A maioria da geração Z, por exemplo, apoia movimentos sociais como Black Lives Matter, direitos transgêneros e feminismo.

Parte da mentalidade ligada à diversidade está em sua origem e também é somada com a convivência com pessoas diferentes (dados do Insider Intelligence 2022).

“A inclusão é cada vez mais esperada, especialmente pela geração Z e pelo público da geração millennial”(Jill Estorino, presidente e diretora administrativa da Disney Parks International na The Walt Disney Co).

Pensando nisso, a prática do Nordeste Washing também pode afetar negativamente as relações entre empresas e a população nordestina.

E vale recordar que o Nordeste é grande diverso. Ele concentra, aproximadamente 30% da população do país em cerca de 20% da extensão territorial brasileira.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2018), a Região tem cerca de 56,7 milhões de habitantes, distribuídos ao longo de 1,6 milhão de km2.

Em 2023, é a maior projeção de crescimento do PIB Nacional.

É da região que vem alto nível de educação, também. Apesar da desigualdade dos 9 estados do Nordeste entre si, é dos nordestinos que se têm alguns dos maiores índices de educação brasileiros (e, por consequência, senso crítico).

Para as marcas e empresas de comunicação, é importante entender que ações vazias e oportunísticas podem ter um impacto negativo em sua reputação e resultados financeiros a longo prazo. Que descaracterizam a região Nordeste,  considerando-a um bloco homogêneo, sem valorizar a cultura ou suas diferenças entre estados – mas querendo utilizar seus cursos para monetização. Que inventam um jeito do Nordeste que é da mentalidade sudestina – mas que nem sempre é o Nordeste atual do próprio Nordestino (como cita Durval Albuquerque).

Em um mundo cada vez mais conectado e consciente, a autenticidade e o comprometimento genuíno com as causas e as regiões são fundamentais para construir uma imagem positiva e sustentável no mercado.

É essencial que as empresas evitem práticas de Nordeste Washing e busquem formas reais de contribuir para o desenvolvimento e a inclusão da região nordeste e de pessoas nordestinas.

O Nordeste não é só São João, praia e cuscuz. O nordeste é isso também, mas vai além.A comunicação e o marketing devem ser baseados na sinceridade e na construção de relações de confiança a longo prazo com os consumidores, e o Nordeste Washing vai na contramão desse princípio.

E há senso crítico, estudos e ocupação nas melhores universidades do Brasil. Um grupo de pessoas qualificadas, educadas e nordestinas está de olho. O Nordeste existe. Então as marcas deveriam estar, também, com ele nas suas estratégias. Mas do jeito mais autêntico possível.

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